A regularização ambiental das propriedades no campo é uma oportunidade para o produtor rural acessar linhas de crédito diferenciadas, como o Plano ABC+ (Programa Agricultura Baixo Carbono), e atender um mercado cada vez mais exigente ante às questões socioambientais.
De acordo com Rodrigo Dias Lopes, especialista em Agronegócio e Pecuária Sustentável da National Wildlife Federation (NWF) no Brasil, a readequação dessas propriedades possibilita aos produtores se manterem no mercado formal no longo prazo, com vendas amparadas pela lei. “Além disso, os frigoríficos também são beneficiados pois há uma maior oferta de produtos com procedência verificada, e os consumidores terão acesso a mais à produtos alinhados com as exigências atuais. Isso significa que todos saem ganhando”, explica.
Ele avalia ainda que os frigoríficos têm um papel importante para auxiliar os produtores a se regularizarem. “As indústrias são o elo de ligação entre o produtor e o mercado e podem explicar as novas tendências de mercado, bem como oferecer orientações que facilitem sua regularização”, diz. Os produtores podem se cadastrar e participar do Programa de Regularização Ambiental (PRA), que possibilita a regularização das propriedades com a recomposição de áreas de preservação permanente, reserva legal ou de uso restrito a partir de diretrizes definidas pelos órgãos estaduais.
Atualmente, existem no mercado tecnologias que ajudam na averiguação da regularidade ou irregularidade de uma propriedade rural fornecedora de um frigorífico. Katiuscia Moreira, especialista em Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e Monitoramento, e Líder Técnica da NWF no Brasil, comenta sobre o Mapa de Ferramentas, lançado pelo GTFI – Grupo de Trabalho de Fornecedores Indiretos. Este Mapa sistematiza de forma visual e objetiva o escopo e os diferenciais das principais ferramentas disponíveis no mercado para o monitoramento dos fornecedores indiretos e que podem ser adequadas para cada elo cadeia da carne.
Os frigoríficos, por exemplo, podem utilizar uma dessas ferramentas para realizar o monitoramento contínuo e o engajamento de seus fornecedores. “Uma delas é a ferramenta Visipec, pioneira na análise de fornecedores indiretos, e desenvolvida pela NWF para apoiar frigoríficos parceiros que querem ampliar a capacidade de seus sistemas de monitoramento”, diz Katiuscia. Existem ainda outras ferramentas que podem ser utilizadas pelos produtores rurais para, por meio de um aplicativo de celular, verificar a situação socioambiental das fazendas de seus fornecedores antes mesmo de decidirem sobre a aquisição dos animais para cria, recria ou engorda.
“A averiguação que o mercado tem buscado e exigido está ligada às questões de conformidade socioambiental da propriedade rural. O objetivo é saber a origem do animal para verificar cinco critérios básicos: ter o Cadastro Ambiental Rural (CAR) da propriedade; não ter sobreposição com áreas protegidas, especialmente Unidade de Conservação, Terras Indígenas e Territórios Quilombolas; não ter desmatamento ilegal; não estar embargada por órgãos estaduais ou federais; e não constar em relação de trabalho análogo à escravo”, elucida Katiuscia.
A NWF também trabalha para auxiliar a pecuária nacional promovendo parcerias com o setor privado para engajamento dos produtores de forma a conciliar produção e conservação. “É um trabalho estratégico e preventivo que ocorre a partir do levantamento de informações, análise de dados e engajamento de atores para apoiar a tomada de decisão e implementação de um plano de ação”, finaliza Lopes.
Sobre a NWF
A National Wildlife Federation – NWF é uma organização com 86 anos de história, que há mais de 36 anos trabalha no Brasil na construção de uma agenda que concilie a produção agropecuária e a conservação e restauração dos biomas presentes no país. Seu programa internacional une o conhecimento de especialistas brasileiros e internacionais com ferramentas e tecnologias avançadas para promover soluções de mercado que ajudem a cumprir esta meta.
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