A lista de indiciados pela PF (Polícia Federal) é dominada por militares. Dos 37 incluídos pelos investigadores, 24 são integrantes ou ex-integrantes das Forças Armadas.
A predominância de militares reflete o aparelhamento de cargos-chave do governo federal por integrantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica durante o governo Jair Bolsonaro. A PF quer que eles respondam pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
Entre eles há nada menos que sete oficiais generais. Dois deles –o general Paulo Sérgio Nogueira e o almirante Almir Garnier– chegaram a comandar, respectivamente, o Exército e a Marinha durante o governo Bolsonaro.
Paulo Sérgio também foi ministro da Defesa. Também tiveram assentos na Esplanada os generais Walter Braga Netto (Defesa e Casa Civil) e Augusto Heleno (GSI). O general Mário Fernandes foi ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência.
Pressão por golpe militar
Após a derrota de Jair Bolsonaro na eleição presidencial de 2022, ele e seus auxiliares passaram a pressionar a cúpula das Forças Armadas para aderirem a um golpe de Estado que revertesse o resultado do pleito e prendesse opositores, entre eles o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Bolsonaro chegou a apresentar uma minuta de decreto para dar verniz jurídico ao golpe para os comandantes das três forças. Garnier, comandante da Marinha, apoiou a manobra. O general Freire Gomes, comandante do Exército, e o brigadeiro Baptista Junior, comandante da Aeronáutica, afirmaram em depoimento à PF terem rejeitado aderir ao plano.
Além dos generais, peças importantes na execução da tentativa de golpe de Estado também eram militares. Os coroneis Mauro Cid e Marcelo Cãmara, ambos assessores diretos de Bolsonaro, se envolveram em diversos aspectos da articulação no segundo semestre de 2022.
Já o general Mário Fernandes e outros quatro oficiais do Exército com treinamento em Operações Especiais, conhecidos como kids pretos, chegaram a executar um plano para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
Eles chegaram a ir às ruas de Brasília no dia 15 de dezembro de 2022 para capturar Moraes, mas não tiveram sucesso.