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os alertas ignorados de 2022

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Por Cleber Lourenço

Em 2022, enquanto a campanha eleitoral polarizava ainda mais o país e discursos de ruptura institucional se espalhavam pelas redes, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) produzia relatórios que antecipavam com precisão o que viria a ocorrer em 8 de janeiro de 2023. As ameaças não estavam no plano da hipótese: estavam descritas, datadas e atribuídas a grupos organizados. Nada foi feito.

Trechos obtidos pelo ICL Notícias revelam que, já no início de setembro, a Abin classificava como de “alto risco” a possibilidade de ataques com explosivos contra políticos. O relatório 00262.010107/2022-07, datado de 1º de setembro, descreve um indivíduo radicalizado que prometia realizar atentados e tinha acesso a armamentos improvisados. A ameaça não foi neutralizada, nem incorporada a protocolos de segurança.

Outro documento, de 13 de outubro, alertava que ministros do Supremo Tribunal Federal haviam se tornado alvos diretos de ameaças articuladas por redes extremistas. O relatório 00262.112060/2022-15 descrevia a existência de planos de atentado contra magistrados. Ainda assim, não houve reforço público à segurança dos ministros, tampouco responsabilização por parte da estrutura de segurança da União.

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Invasão no 8 de Janeiro. Foto: EBC

Documento da Abin tinha informação completa

No fim de dezembro, a série de alertas se intensificou. O relatório 00262.542171/2022-44, de 29 de dezembro, informava sobre risco de atentados ao Aeroporto Internacional de Brasília, apontava movimentação de caravanas e indicava a circulação de materiais suspeitos. Já o documento 00262.207155/2022-16, de 27 de outubro, detalhava a existência de um grupo extremista violento criado em canais do Telegram, com articulação para convocar militantes e incitar sabotagens.

Todos esses elementos — uso de explosivos, ameaças a autoridades, sabotagem de infraestruturas, mobilização em caravanas e articulação digital — estavam nos documentos da Abin. Todos se confirmaram nos atos golpistas de 8 de janeiro.

A ausência de reação por parte do governo Bolsonaro é hoje alvo de investigação em diferentes frentes. Fontes da própria Abin, ouvidas sob condição de anonimato, relatam que houve tentativas internas de reforçar o nível de alerta, mas que a orientação do alto escalão era minimizar os riscos para evitar “criar clima de perseguição” entre apoiadores do governo.

Os relatórios permanecem sob sigilo até 2027.



Fonte: ICL Notícias

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