O senador Romário (PL-RJ) joga parado

Os grandes grupos de jornalismo insistem em deixar o Senador Romário (PL-RJ) na seção de esportes. Dificilmente comentam o desempenho dele no Senado Federal.

Cumpriu o mandato de deputado federal (2011-2015) pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB-RJ) e passou despercebido. No Senado, eleito para as 55ª e 56ª legislaturas (2015-2022) e reeleito para as 57ª e 58ª legislaturas (2023-2031). Não dá para tratá-lo como outsider da política.

Para a sua reeleição pelo Partido Liberal (PL), em 2022, contou com o apoio do Jair Bolsonaro (PL), Silas Malafaia e Claudio Castro (PL). O oportunismo dentro da pequena área continua sendo uma característica. Como era no gramado verdinho dos campos, se movimenta no tapetinho azul do Senado. Espera a bola sobrar e não se acanha em chutar de bico.

Na foto de destaque, Romário posa ao lado do governador Cláudio Castro, Silas Malafaia, André Mendonça, Fábio Wajngarten e personalidades bolsonaristas. O ex-jogador esteve em culto na Assembleia de Deus Vitória em Cristo em 10/12/2021 para agradecer aprovação do André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, o ex-advogado-geral da União, pastor terrivelmente evangélico, então futuro ministro do STF, fez graça com o ex-jogador de futebol do púlpito do Silas Malafaia: “Romário é o senador mais habilidoso da República”.

No sábado 19 de abril deste ano, o “baixinho” protagonizou cenas hilárias na transmissão do clássico entre Vasco e Flamengo pela 5ª rodada do Campeonato Brasileiro. Na Prime Vídeo, Galvão Bueno se esforçava para transmitir emoção narrando um jogo morno. Na condição de comentarista entediado, Romário respondia ao Galvão de forma lacônica.

No Senado é assim também. Neste ano de 2025, o senador do Rio de Janeiro só fez três pronunciamentos. Em 19/03, registrou o Dia Internacional da Síndrome de Down e em 02/04, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Mas eu não disse que foram três pronunciamentos?

No dia 01/04, o Senador Romário participou ativamente da sessão plenária. Na verdade, foi um pedido de “pela ordem” durante a 16ª Sessão Deliberativa Ordinária no Senado Federal. Melhor citar o discurso na íntegra para evitar mal-entendidos: “No item 2, o meu voto é ‘sim’, por favor”. Tendo ouvido os esclarecimentos do Senador Davi Alcolumbre (União-AP) que presidia a sessão, Romário encerrou o seu pronunciamento: “Muito bem, obrigado”.

Em 2025, até o fechamento desta coluna, “isso foi tudo, pessoal”.

Acho que essas informações deixarão o Galvão Bueno aliviado. Não foi pessoal. É o novo estilo do Romário. Lacônico.

Desde 2015, quando chegou ao Senado, Romário é uma verdadeira nulidade para o estado do Rio de Janeiro. Um senhor que vive às sombras das glórias do passado. Só se assanha quando fala de si mesmo, das proezas da sua vitoriosa carreira como jogador. Como político, lê as notas celebrativas escritas pela sua assessoria. Todos os anos cumpre praticamente o mesmo roteiro de falas protocolares.

Enquanto isso, o governador Claudio Castro (PL-RJ) realiza um governo bisonho. O empresário Silas Malafaia está soltinho organizando atos bolsonaristas. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cismou que vai precisar de anistia. As milícias avançam e ganham terreno às custas do discurso ordeiro da extrema direita no estado.

E o senador Romário… joga futevôlei e comenta as suas glórias do passado.

Sobre o avanço vertiginoso das bets no cotidiano dos cidadãos e no mundo do futebol, será que o senador Romário tem opinião formada? Apostas esportivas on-line no Brasil contam com bancada fiel no Congresso Nacional. Enquanto jogador, Romário não entrava em bola dividida. Preferia as sobras.

De tudo que eu disse, o que realmente mais me espanta é o fato de o Romário não figurar na seção de política nos grandes jornais impressos e audiovisuais. A condescendência jornalística o coloca como um boleiro, badboy grisalho, engraçado e marrento.

Esperemos com paciência pelo próximo pedido de “pela ordem”.