Olhando no mapa da cidade de Manaus (abaixo), pode-se dizer que o conjunto Ajuricaba está logisticamente localizado na área central do perímetro urbano. É no extremo do bairro Alvorada, vizinho ao bairro Redenção, Planalto e Bairro da Paz. Uma edificação que se impôs em uma grande área verde, ha 50 anos, quando começou o projeto e contrução. São mais de 1.000 residências, entregues oficialmente em 1976.
Famílias de vários locais da cidade e também do interior do estado se instalaram naquela nova, e até então, distante comunidade. Quase cinco décadas depois, a comunidade Ajuricabense continua firme, em expansão com seus descendentes e na memória dos fundadores.
A vizinhança mudou. A selva ao lado, deu espaço à invasão Planeta dos Macacos, que posteriormente virou Redenção. A grande extensão de mata, abaixo do conjunto, virou BAIRRO DA PAZ. A área verde do lado esquerdo , BALNEÁRIO DO SESC. Na frente, nasceu outro gigante, o conjunto Campos Elíseos.
E assim, com vizinhança de várias categorias sociais, o Ajuricaba cresceu e desenvolveu-se.
No início da década de 1980, a juventude pedia espaço. Como não poderia ser diferente, o futebol mas quadras e poucos campinhos de futebol eram as principais atividades físicas, sem esquecer das muitas aventuras pelo meio do mato, em especial na área do Igarapé batizado RalaBucho. Mas muitos adolescentes buscaram outras alternativas para diversão e ocupação do tempo, em um local que só tinha uma entrada e uma saída , na época.
E apesar de ser um celeiro de craques de futebol, muitos não tinham habilidade com a bola. E foi assim que o JiuJitsu entrou suavemente no cotidiano do Ajuricaba. As artes Marciais passaram a fazer parte daquela juventude. Kung Fu, Karatê, Judô e JiuJitsu. O número de praticantes cresceu com o passar dos anos, ao ponto de o Ajuricaba ter representantes campeões em praticamente todas as modalidades.
JiuJitsu
O JiuJItsu com certeza foi e é a modalidade mais forte dentro do Ajuricaba.
Entre os pioneiros no JiuJitsu dentro do conjunto Ajuricaba estão os irmãos Bastos [Charles, Ricardo(Babu) e Fabricio], Alessandro Guimarães, Railson Luz, Guilherme Brasil, Harley Façanha, Davi Ferreira, Adriano e Marcelo Alves. Jovens moradores do Conjunto, que treinavam em academias de outros bairros: Samurai(centro), Monteiro(Vieiralves), Barraco(Dom Pedro), HBJ(Dom Pedro), Shogun(centro)… Onde houvesse um tatame, tinha um ou mais representantes do Ajuricaba, treinando, evoluindo, construindo o futuro.
Pioneirismo
Foi de Alessandro Guimarães a iniciativa que fincou a primeira academia de Jiu-Jitsu dentro do Conjunto Ajuricaba. Em um período de vanguarda, o Jiu-Jitsu era a base , mas todos os treinamentos acabavam no treino solto, na época chamado de “pancadaria”. Diariamente se encontravam no quintal da avó de Alessandro para aprendizado e aperfeiçoamento pessoal.
Muitos iniciaram , mas não permaneceram no JiuJitsu. Outros fizeram dos tatames um templo, onde diariamente subiam para aprenderem as técnicas milenares, que permitiam que o pequeno encarassem os grandes. Sem tanto glamour, o jiu-jitsu foi conquistando um por um dos muitos ajuricabenses, até transformar o Conjunto Ajuricaba em uma verdadeira indústria de bons lutadores. Uma referência quando se fala de bons atletas.
A primeira academia (foto abaixo) foi montada na rua A-04, CASA 26, onde residia a avó de Alessandro Guimarães.
“Eu era muito afoito pra aprender. Por isso aos 14 anos eu montei uma academia no Ajuricaba, na casa da vovó. Muitos treinaram conosco como Homero Junior+, Marlon, Davi Ferreira, Guilherme , Danielzinho, Junior Abel, Alexandre Folhadela, Jetian… Era pancadaria todos os dias. E treinando lá na HBJ já tinha o Charles Bastos… Nós fomos os pioneiros”, relembra Guimarães.
Assim, Alessandro Guimarães adubou a terra e semeou o Jiu-Jitsu no conjunto. Dessa forma surgiram nomes que se destacaram local e Nacionalmente como o próprio Alessandro Guimarães(conhecido como Xuxete por causa dos cabelos loiros) , Danilo Bauer, e posteriormente uma legião de campeões. Adriano Martins, que chegou ao UFC é um deles ! Mas precisamos não tentar nomear todos os demais para não corrermos o risco de esquecermos alguns dos Ajuricabenses Campeões.
Sementes dos anos 80 que literalmente “vingaram”, floreceram e frutificaram. Anos de aprendizado e décadas de ensinamentos. Da fase do aprendizado, passando pela fase competitiva até o momento de transmitir conhecimentos às novas gerações.
É praticamente impossível determinar o número exato de praticantes de JiuJitsu que moraram ou moram no Conjunto Ajuricaba. Que praticaram ou que praticam JiuJitsu. O conjunto possui em suas fileiras, pelo menos uma centena de faixas pretas, que atuam nos mais diversos segmentos da sociedade e até fora do Brasil. Estatísticas que no futuro embasarão as histórias esportivas.
Registro Histórico
A iniciativa do registro histórico de como o JiuJitsu chegou ao Ajuricaba foi, mais uma vez de Alessandro Guimarães. Mostrar e eternizar a história de como o JiuJitsu chegou ao Conjunto Ajuricaba e de lá se disseminou para bairros como a Redenção, Alvorada, Bairro da Paz e nos conjuntos Campos Eliseos e Jardim Flamanal.
“É a nossa intenção dar essa visão histórica e não esportiva. Carimbar com a verdade sobre os primeiros e assim reverenciar todo o esforço que fizeram há 35 anos. Isso ajudou muito as famílias, pois ensinou aos jovens que somos nós, os lutadores, que trilhamos nossos caminhos até o sucesso. Treinando duro, ralando, aprendendo com as derrotas e dando a volta por cima. Essa é a verdadeira lição das Artes Marciais em especial a nossa, que é o JiuJitsu”, enfatiza Alessandro.
Para comemorar e registrar tanta HISTORIA, junto de seus precursores, um grupo de ex-atletas decidiu reunir em um único local e no mesmo dia, o maior número possível de Ajuricabenses Praticantes de JiuJitsu , para um registro fotográfico e cinematográfico (foto e filme), em data ser definida, mas com endereço confirmado, na Avenida Central do conjunto.
“Estamos fazendo com calma para tudo sair como deve sair, bonito, mas principalmente verdadeiro, correto e justo com quem trouxe o JiuJitsu pro Ajuricaba. Não vamos escolher A,B ou C. Se ele colaborou, treinou e ajudou no inicio dessa linda história, então ele tem o lugar dele garantido nas primeiras fileiras”, concluiu.
A FOTO HISTÓRICA que seria realizada no mês de abril (17, 24 ou 31) de 2022, na Avenida Central do Conjunto Ajuricaba, não foi realizada, por conta de divergências criadas por um e-morador do Ajuricaba chamado Marcio da paz..