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Por Gabriel Gomes
Moradores de Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, relatam episódios de violência da Polícia Militar comandada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) contra cidadãos da comunidade durante uma manifestação, na noite desta segunda-feira (12). Os manifestantes protestavam contra a morte de Nicolas Alexandre, de 19 anos, que era da comunidade, durante uma ação policial.
Nicolas Alexandre morreu após ser atingido por três tiros em ação da PM em Paraisópolis. Segundo o relato de moradores, a polícia bloqueou a passagem dos bombeiros para o socorro do jovem. O episódio ocorreu em uma viela, em uma área menos desenvolvida da comunidade.

Nicolas Alexandre, que morreu durante uma ação da PM em Paraisópolis. (Foto: Arquivo pessoal)
Em protesto, os manifestantes bloquearam trechos das avenidas Giovanni Gronchi e Hebe Camargo, por volta das 18h desta segunda-feira (12). “Foi uma reação da comunidade devido ao episódio que aconteceu no sábado… A gente aqui só é ouvido quando para o trânsito, quando afeta os moradores do Morumbi”, relata Renata Alvez, líder comunitária.
“Essa manifestação foi decidida em cima da hora por algumas pessoas que foram no sepultamento do rapaz e acabou gerando toda a situação trágica que sempre acontece dentro das periferias. O periférico não tem o direito de gritar a sua dor, de ter luto, não tem direito ao socorro”, completa.
No meio do protesto, de acordo com relatos, uma pessoa tentou avançar com o carro para cima dos participantes do protesto. “Essa pessoa tentou atropelar um dos manifestantes e aí, gerou todo o tumulto”.
Acionada, a Polícia Militar jogou bombas de gás e de efeito moral contra os manifestantes. O Batalhão de Choque foi chamado e um helicóptero Águia acompanhou a manifestação do alto. Os PMs também atiraram balas de borracha.
Imagens enviadas ao ICL Notícias mostram ações violentas da PM de São Paulo durante a ação. Em um dos vídeos, é possível ver policiais agredindo um homem com cassetetes. Em outra, os policiais atiram balas de borracha.
Há relatos de que os policiais jogaram bombas de gás contra uma área em que estão instalados uma Unidade Básica de Saúde, uma AMA ( Atendimento Médico Ambulatorial) e um CAPS (Centro de Atenção Psicossocial). Moradores relatam, ainda, que os policiais soltaram bombas dentro de um ônibus escolar. Nesta terça-feira (13), alguns colégios cancelaram as aulas na região.
No momento da ação violenta da PM, crianças visitavam a exposição “Periferia é o Centro”, de Fernanda Souza Correrua & Artedeft, na União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis. A exposição foi inaguarada no dia da morte de Nicolas Alexandre. O espaço está aberto a visitações.
‘As pessoas têm medo da polícia’, diz líder comunitária de Paraisópolis
Renata Alvez, líder comunitária e representante da Associação de Moradores da comunidade, relata que não foi possível o diálogo com a PM. “A gente até tentou, mas não tinha como ter um diálogo, a gente não conseguia nem se aproximar de alguém da polícia para tentar apaziguar a situação. Eles já estavam atirando nas pessoas”
Nesta terça-feira(13), um dia após a ação da polícia, o clima entre os moradores da comunidade é de medo. “Está uma sensação de insegurança, de medo. Dentro do território periférico, não é uma situação particular de Paraisópolis, as pessoas têm medo da polícia”, desabafa Renata.
O que diz a PM?
Procurada pelo ICL Notícias, a Polícia Militar do estado de São Paulo enviou uma nota em que afirma “que é uma instituição legalista que atua em prol da segurança e manutenção da ordem pública”. Leia a nota:
“A Polícia Militar acompanhou uma manifestação ocorrida na noite da segunda-feira (12), em Paraisópolis, zona oeste da capital. Durante o protesto, os manifestantes interditaram vias e incendiaram objetos. Um adolescente, de 17 anos, foi apreendido após ter rendido um motorista de ônibus e ter danificado o veículo. Ele foi conduzido ao 89º Distrito Policial (Jardim Taboão) e liberado junto ao responsável legal. O policiamento foi intensificado na região. A PM reforça que é uma instituição legalista que atua em prol da segurança e manutenção da ordem pública”.
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Fonte: ICL Notícias