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Macron condiciona acordo UE-Mercosul a regras ambientais

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O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou na quinta-feira (5), em entrevista à GloboNews, que o acordo entre a União Europeia e o Mercosul pode ser fechado até o fim do ano — desde que os países sul-americanos adotem os mesmos padrões ambientais e sanitários exigidos dos agricultores europeus. Para o líder francês, os atuais termos do tratado foram “mal negociados” e não atendem às exigências da França no que diz respeito à agricultura e ao meio ambiente.

“O que nos causa problemas é o tema da agricultura e dos diferentes padrões”, afirmou Macron. Segundo ele, produtos e práticas já banidos na França por razões ambientais e de saúde pública não podem ser tolerados em importações do Mercosul. “Se vocês querem produzir no Mercosul e exportar para a Europa, isso deve ser feito sob as mesmas regras”, declarou.

Macron se disse favorável à inclusão de um protocolo adicional com “cláusulas-espelho” — dispositivos que exigem que produtos importados sigam as mesmas normas dos locais — e cláusulas de salvaguarda para proteger o setor agrícola europeu. Com esse mecanismo, ele acredita que será possível convencer o meio rural francês a aceitar o acordo.

Em encontro com Macron, Lula defende diálogo com setor rural francês

Durante encontro com Macron em Paris, o presidente Lula (PT) defendeu o avanço do tratado e propôs uma abordagem direta: reunir representantes do agronegócio brasileiro e francês para discutir as divergências.

“Se você tem problema com os agricultores franceses, vamos conversar com eles. Vamos fazer uma reunião entre o pessoal agrícola seu e o nosso”, relatou Lula sobre o diálogo com Macron.

O líder brasileiro ressaltou que vê o comércio como uma via de mão dupla e criticou o volume modesto de trocas entre Brasil e França, que soma apenas US$ 9 bilhões.

Nesta sexta-feira (6), ainda na capital francesa, Lula voltou a reforçar que pretende concluir o acordo entre os blocos durante sua presidência do Mercosul, que se inicia oficialmente em julho. “Disse pra ele [Macron] que vou concluir o acordo definitivamente nos seis meses do meu mandato”, afirmou.

Entre o comércio e a sustentabilidade

As declarações dos presidentes ocorreram em um contexto de maior pressão internacional por responsabilidade ambiental. Em cerimônia em Paris, onde o Brasil recebeu da OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal) o certificado de país livre da febre aftosa sem vacinação, Lula destacou o papel do agronegócio aliado à preservação ambiental.

“Vou vender tudo que a gente produz — e vender a necessidade de a gente cuidar do meio ambiente”, afirmou. Para Lula, cumprir o Acordo de Paris é essencial para garantir o acesso a mercados externos e manter a competitividade da agricultura brasileira.

No entanto, uma carta aberta assinada por mais de cem organizações brasileiras e enviada à União Europeia alertou sobre os riscos de retrocesso ambiental no Brasil, citando o Projeto de Lei do Licenciamento Ambiental que tramita no Congresso.

O documento denuncia que, caso aprovado como está, o projeto pode comprometer seriamente a proteção da Floresta Amazônica e pede à comunidade internacional que pressione autoridades brasileiras para rever o texto.

A tensão entre interesses comerciais e exigências ambientais coloca o acordo UE-Mercosul em um ponto decisivo. Para ser concluído, dependerá de concessões recíprocas, diálogo transparente e compromissos concretos com a sustentabilidade — tanto do lado europeu quanto do sul-americano.





Fonte: ICL Notícias

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