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Governo prepara campanha de comunicação para reverter queda de popularidade

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Por Cleber Lourenço

Diante de uma queda acentuada em sua popularidade, o governo Lula lançou uma nova ofensiva publicitária para tentar reverter o quadro. A estratégia, detalhada em uma apresentação interna intitulada “O Brasil Dando a Volta Por Cima”, busca padronizar a comunicação institucional, centralizar a narrativa e ampliar a divulgação de feitos da gestão.

A campanha do governo se estrutura em três pilares principais, que incluem:

  1. Isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5.000: A proposta visa beneficiar trabalhadores de baixa renda e reforçar a imagem do governo como promotor de justiça fiscal.
  2. Criação da marca “Brasil dos Brasileiros”: Uma estratégia para fortalecer o nacionalismo e disputar a identidade brasileira, especialmente nas redes sociais, onde a oposição tem ganhado força.
  3. Divulgação de programas sociais como o “Pé-de-Meia” e a Farmácia Popular: Para mostrar concretamente os avanços do governo em áreas de educação e saúde, com a promessa de beneficiar a população mais vulnerável.

A ofensiva busca, entre outros objetivos, disputar espaço com a oposição nas redes sociais e romper a bolha bolsonarista, através de um discurso alinhado ao sentimento de patriotismo. A estratégia de repetição de mensagens em diversos meios de comunicação é uma tentativa de fixar na memória do eleitor a ideia de que o governo está promovendo uma recuperação econômica e social.

No entanto, dentro do próprio governo, há resistência sobre a abordagem adotada, principalmente em relação à falta de inovação e a centralização excessiva das mensagens. De acordo com uma fonte que participou da reunião de apresentação da estratégia, não houve uma análise profunda sobre o público-alvo e suas expectativas.

“A principal sensação foi de mais do mesmo. Não houve uma análise aprofundada sobre o público-alvo, apenas a repetição das mesmas diretrizes que já estavam em curso”, afirmou a fonte, que participou do encontro e observou pouca abertura para sugestões ou ajustes.

Falta de debate e críticas sobre a condução da comunicação

A mesma fonte criticou a condução da apresentação da estratégia de comunicação, afirmando que a equipe responsável tratou o plano como um pacote fechado, sem espaço para uma troca efetiva com os responsáveis pela comunicação nos ministérios e órgãos federais.

“Não foi um debate, foi apenas um informe: ‘vamos continuar mandando material para vocês postarem nas redes’” , relatou.

Além disso, a fonte apontou uma grande preocupação com a falta de material adequado e falhas operacionais. Segundo ela, muitas vezes, o pessoal da Assessoria de Comunicação (Ascom) dos mandatos não consegue sequer captar imagens próprias nos eventos oficiais, o que compromete a eficácia da comunicação e gera uma dependência excessiva do material enviado pela equipe central.

governo

Lula apresenta projeto de mudança no IR a parlamentares no Palácio do Planalto – Fabio Pozzebom/Agência Brasil

A estratégia do governo e as críticas internas sobre a execução

De acordo com a análise interna do governo, a estratégia de comunicação se baseia em um diagnóstico do descompasso entre as realizações da gestão e a percepção da população sobre essas entregas. O governo reconhece que há um “gap” de comunicação, onde as realizações não estão sendo interpretadas ou assimiladas da forma desejada pelo público. Para reduzir esse “gap”, a solução foi intensificar a propaganda oficial e reforçar as mensagens-chave.

A estratégia também enfatiza um forte combate à desinformação, com a orientação de que as redes de comunicação do governo “não deem espaço para mentiras”, e se concentrem em divulgar as ações e conquistas da gestão. O material que circula internamente detalha a necessidade de evitar ruídos que possam desgastar o governo, defendendo a centralização da narrativa.

No entanto, os críticos dentro da equipe de comunicação destacam que essa abordagem repetitiva não é suficiente para gerar os impactos desejados.

“O governo continua focado em repetir mensagens, mas sem avaliar de fato como essas mensagens estão sendo recebidas. Parece mais um esforço de volume do que de qualidade”, avaliou a fonte, que observou a falta de uma análise mais detalhada sobre o impacto das campanhas.

O tom nacionalista da campanha “Brasil dos Brasileiros” e suas limitações

Outro ponto de crítica refere-se ao tom de “Brasil dos Brasileiros”, uma campanha de identidade nacionalista que busca engajar os eleitores com um apelo simbólico, mas que, para alguns, soa artificial. A tentativa de se alinhar ao discurso da direita e ao mesmo tempo cortar o espaço das mensagens de oposição tem gerado divisões internas sobre a sua eficácia.

A marca “Brasil dos Brasileiros” visa se contrapor à imagem de radicalismo associada a outras forças políticas, mas, de acordo com a fonte, essa tentativa pode não surtir efeito nas camadas mais céticas da população. A impressão de que a estratégia não é suficientemente inovadora pode fazer com que a campanha tenha um impacto limitado, sem atrair novos eleitores ou reforçar a base.

O desafio de reverter a desaprovação

A ofensiva publicitária do governo Lula, com a repetição de mensagens e o controle da narrativa, reflete uma tentativa de reverter a queda na popularidade. Porém, as críticas internas indicam que a estratégia pode ser ineficaz sem um ajuste nas abordagens e na forma como a comunicação é operacionalizada.

Enquanto o governo aposta em mais propaganda e mensagens padronizadas, muitos dentro da equipe consideram que a falta de inovação e a dependência de um modelo repetitivo não são suficientes para reverter a desaprovação crescente. A chave para o sucesso dessa ofensiva será a capacidade de adaptar a comunicação às novas demandas do público e superar as limitações operacionais que ainda afetam a execução das estratégias.

A campanha será lançada entre segunda-feira (24) e terça-feira (25), com a expectativa de ampliação da cobertura midiática e mobilização digital para reforçar o alcance das mensagens do governo



Fonte: ICL Notícias

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