O ato organizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores para tentar mostrar uma suposta “adesão popular” ao projeto da anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro não teve força. Imagens da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, na manhã deste domingo (16), mostram uma manifestação esvaziada, sem ao menos lotar completamente um quarteirão.
Tratava-se de um ato de caráter nacional, reunindo lideranças da extrema direita de todo o país. O ex-presidente tinha dito esperar um milhão de pessoas, o que não ocorreu. Segudo o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), no entanto, só estiveram presentes 16,2 mil pessoas.
Vamos de atualização da Flop Tour pro #AnistiaJa que pelo visto estão apelando e a praia bombando! pic.twitter.com/08MOoSO5DB
— SellWell (Mago’s Version) (@sergiodamata) March 16, 2025
A deputada federal Jandira Feghali (PC do B-RJ) falou ao ICL Notícias sobre o ato deste domingo em Copacabana. A parlamentar classificou o movimento como “pequeno” para um “ato nacional”, refletindo uma “perda clara de apoio na sociedade”.
“Um ato pequeno para o Rio, imagine um ato nacional. Ficou claro que o pedido de anistia é para Bolsonaro e nao para as ‘velhinhas com biblia na mão’. Perda clara de apoio na sociedade. A democracia é um valor importante e tambem há corrupção em investigação. Ato estreito politicamente, os mesmos bolsonaristas de sempre. Sem peso”, analisou Jandira.
Além do projeto da anisita, o movimento também buscava atacar a denúncia feita pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Bolsonaro e aliados sobre a trama golpista após a derrota na eleição presidencial de 2022. O ex-presidente foi condenado pela Justiça Eleitoral em dois processos e está impedido de concorrer até 2030.
O protesto aconteceu uma semana antes de o Supremo Tribunal Federal começar a julgar denúncia da Procuradoria-Geral da República que pode tornar Bolsonaro réu, no próximo dia 25.
O STF já condenou 476 pessoas pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas e vandalizadas. A Advocacia-Geral da União (AGU) aponta que os ataques golpistas causaram um prejuízo de R$ 26,2 milhões ao patrimônio público.
Ato esvaziado
Ao longo da manhã, circularam pelas redes sociais inúmeras imagens mostrando o esvaziamento do ato dos bolsonaristas. Mesmo com a convocação de apoiadores do bolsonarismo de todo o país, os presentes não ocuparam mais que um quarteirão da Avenida Atlântica.
Os bolsonaristas, em imagens divulgadas em seus perfis, até tentaram esconder o esvaziamento do ato. As imagens aéreas, no entanto, revelaram a baixa presença do público.

Imagens mostram uma manifestação esvaziada. (Foto: Reprodução)
Estiveram presentes no palanque de Bolsonaro os governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos), de Santa Catarina, Jorginho Melo (PL), e de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil).
Ao lado de Bolsonaro, o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, afirmou ter “fé” que o ex-presidente será candidato em 2026. Bolsonaro foi condenado pela Justiça Eleitoral em dois processos e está impedido de concorrer até 2030. Apesar disso, insiste em se apresentar como candidato ao Palácio do Planalto em 2026.
“Tenho fé. Tenho fé, sim, que Bolsonaro será candidato a presidente da República. Com esse governo, o combustível ficou caro. Então, volta, Bolsonaro. A carne ficou cara. Então, volta, Bolsonaro. A energia ficou cara. Então, volta, Bolsonaro”, disse Valdemar.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), puxou coro de “anistia já”. “Esse povo veio de graça [para o ato] para pedir anistia já. O Rio de Janeiro clama ao Brasil: anistia já”, declarou.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), pediu anistia aos “inocentes que receberam penas desarrazoadas” por envolvimento nos atos de 8 de janeiro. “Ninguém aguenta mais inflação. Porque tem um governo irresponsável que gasta mais do que deve. Ninguém aguenta mais o arroz caro, o feijão caro, a gasolina cara. O ovo caro! Prometeram picanha e não tem nem ovo”, afirmou.
O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do partido na Câmara dos Deputados, afirmou que entrará com pedido pela urgência do projeto de lei que propõe anistiar os envolvidos pelos atos extremistas de 8 de janeiro de 2023. O “PL da Anistia” está sendo debatido desde o ano passado.
“Estou assumindo aqui o compromisso com todos vocês de que nesta semana, quinta-feira [20], na reunião do colégio de líderes, nós vamos dar entrada com a minha assinatura e dos 92 deputados do PL e de vários outros partidos que eles vão ficar surpresos, para que nós possamos pedir a urgência do PL da Anistia para entrar na pauta na semana que vem”, afirmou.
Bolsonaro denunciado por golpe
O ex-presidente e mais sete pessoas enfrentam denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) no caso da suposta intenta golpista. A Primeira Turma do STF analisará a denúncia no dia 25 de março. Caso o Supremo aceite a denúncia, Bolsonaro se tornará réu.
Fonte: ICL Notícias