Fechamento de escritório no Brasil do X, antigo Twitter, acontece em meio a crise financeira

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A decisão de fechar o escritório brasileiro da plataforma X, antigo Twitter, noticiada em primeira mão no ICL Notícias, acontece em meio a uma crise financeira na empresa que pode obrigar seu proprietário, o bilionário Elon Musk, a vender ações de outras companhias para compensar as perdas. A informação foi publicada em reportagem do jornalista Christiaan Hetzner na edição da revista Fortune de quinta-feira (15).

Neste sábado (17), X anunciou o encerramento das operações no Brasil. O escritório funcionava no país desde 2012 e, atualmente, tinha cerca de 30 funcionários no país. A empresa chegou a ter mais de 100 trabalhadores no Brasil até ser comprada por Elon Musk, que, em novembro de 2022, fez a primeira demissão em massa.

Os funcionários foram informados do desligamento neste sábado após terem sido convocados para uma reunião no mesmo dia. “Avisaram num all hands (reunião geral) hoje, que foi marcado hoje. Um monte de gente nem viu o invite (convite da reunião)”, disse um funcionário, que prefere não se identificar, ao ICL Notícias. O anúncio foi feito pela CEO da empresa, Linda Yaccarino.

Segundo a Fortune, “as repetidas explosões de Musk contra anunciantes secaram a principal fonte de receita da empresa deficitária anteriormente conhecida como Twitter”. A matéria informa que “em algum momento, ele terá que fornecer uma nova infusão de dinheiro para salvar sua aquisição de US$ 44 bilhões”, o que representa vender ações da Tesla para levantar o dinheiro, prejudicando  os acionistas da montadora.

“Eu esperaria algo entre US$ 1 e US$ 2 bilhões em ações”, disse Bradford Ferguson, presidente e diretor de investimentos da gestora de ativos Halter Ferguson Financial, em comentários postados no YouTube na quarta-feira. Só isso poderia fazer com que as ações perdessem entre 5% e 10% de seu valor. “É um buraco enorme que eles precisam tapar.”

elon musk extrema direita

Elon Musk, dono do X, antigo Twitter

Nos tempos de Twitter, receita era de US$ 661 milhões

Os últimos  números disponíveis publicamente  antes da aquisição de Musk, do segundo trimestre de 2022, mostravam receita de US$ 661 milhões. Depois de contabilizar a inflação, a receita na verdade caiu 84%, em dólares de hoje.

Não se sabe por quanto tempo mais o X pode sobreviver, já que a empresa não divulga resultados financeiros. Mas em novembro, o próprio Musk admitiu que a plataforma poderia enfrentar falência devido ao boicote dos anunciantes.

Musk financiou a maior parte do valor de US$ 44 bilhões da aquisição do Twitter principalmente derramando ações da Tesla no mercado, o que resultou numa queda brusca de seu valor.

Cobrado por acionista da Tesla insatisfeitos, Musk prometeu, em dezembro de 2022, não queimar investidores vendendo mais ações para financiar a plataforma problemática. “Definitivamente não no ano que vem, sob nenhuma circunstância. Provavelmente não no ano seguinte também”, ele disse. “Pode contar comigo, não haverá vendas de ações até 2025 ou algo assim.”

Falta pouco para 2025 e as finanças da X estão mais desequilibradas do que nunca. Por isso, Ferguson teme que Musk possa estar querendo lucrar com suas ações da Tesla mais cedo ou mais tarde.

“Ele provavelmente estava um pouco mais otimista em dezembro de 2022 e não previu que a situação pioraria”, disse Ferguson.

“O sangramento de X continuará e em algum momento Elon terá que vender mais ações da Tesla para tapar o buraco de US$ 1–2 bilhões por ano”, argumentou.

Ao fechar o escritório no Brasil, o X alegou que essa é uma forma de proteção da equipe. “Falaram que estão ameaçando prender nosso time jurídico, então, para proteger a gente, vão fechar [o escritório]”, contou a fonte ouvida pelo ICL Notícias.

Após a reunião, o X afirmou em nota que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes “optou por ameaçar nossa equipe no Brasil em vez de respeitar a lei ou o devido processo legal.”. A empresa divulgou uma ordem sigilosa de Moraes que prevê prisão por descumprimento de ordem judicial a representantes do X.

No mercado financeiro, no entanto, o fim da representação do X no Brasil é atribuído ao rombo financeiro da empresa.

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