Voltado à análise do funcionamento da bexiga, o estudo urodinâmico pode ser um aliado na elucidação de alterações relacionadas à incontinência urinária, retenção de urina e aumento da frequência de eliminação do líquido, aponta o cirurgião urologista da Urocentro Manaus, Dr. Giuseppe Figliuolo. No Brasil, estima-se que 50% dos homens e 70% das mulheres, apresentem algum sintoma no aparelho urinário.
O dado consta em um estudo divulgado em 2017, pela Astellas Farma Brasil, abrangendo cinco mil pessoas. Figliuolo explica que o estudo urodinâmico, também chamado de “avaliação urodinâmica”, serve para identificar, com precisão, o tipo de problema e direcionar o melhor tratamento possível.
“Boa parte da população deixa de procurar ajuda médica quando os problemas começam a aparecer, ou, preferem se automedicar, o que não é o ideal. Procurar ajuda especializada de forma precoce ajuda a evitar que o problema evolua para algo mais grave”, destacou o especialista, que é doutor em saúde pública pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ).
Ele explica que o estudo baseia-se em uma investigação mais aprofundada, que inclui a solicitação de exames complementares (inclusive os de imagem), análise clínica, e do histórico do paciente. “Esse tipo de conduta é particularmente importante para pacientes com doenças neurológicas, em especial, quando há doenças da medula espinhal”, afirmou. Pacientes com outros perfis também podem ser inclusos na metodologia, considerada útil quando há dúvidas sobre a causa dos sintomas urinários ou quando há falha do tratamento conservador aplicado anteriormente.
“Não é necessária nenhuma preparação prévia especial para realizar este exame em adultos. Já para crianças, a preparação depende da idade, das experiências anteriores e do grau de confiança com o médico”, completou Figliuolo.
O exame consiste em identificar causas de patologias que condicionam alterações do padrão normal do armazenamento da urina na bexiga e do ato da micção, avaliando, por exemplo, a Cistometria, que é a medição das pressões na bexiga durante o enchimento da mesma, de forma artificial; Estudo pressão-fluxo, que observa o comportamento das pressões durante a micção (esvaziamento da bexiga); Perfilometria uretral, que consiste na avaliação das pressões na uretra; e Electromiografia, que identifica o comportamento dos músculos pélvicos (EMG).
A prevalência dos sintomas relacionados à incontinência e bexiga hiperativa em mulheres, e o aumento da próstata, doença que acomete o sexo masculino, são algumas das situações em que a avaliação urodinâmica é recomendada.
Convívio social
Os problemas do trato urinário, em geral, acabam influenciando o convívio social, levando parte dos pacientes ao isolamento. Ao afetar a qualidade de vida das pessoas, acaba também provocando abalos psicológicos. “Há situações que provocam grande sofrimento às pessoas, mas que com a ajuda de um especialista, podem ser corrigidas ou ao menos contornadas com terapias diversas. Lembramos, ainda, que a falta de um tratamento inteligente pode representar repercussões no trato urinário, consideradas irreversíveis, como diálise peritoneal, hemodiálise, infecções urinárias simples ou complicadas e até mesmo a própria vida em todos os seus aspectos psicológicos, sociais e existenciais”, completou.