O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um termômetro que mede não só a economia, mas a dignidade humana. Desde o golpe militar de 1964 até o governo Lula III (2023-), o Brasil viveu reviravoltas políticas que moldaram saúde, educação e saneamento. Esta análise cruza dados econômicos e sociais para revelar: qual governo priorizou o povo e qual alimentou a desigualdade?
Metodologia
Fontes:
- IDH Global: PNUD (dados anuais desde 1990; pré-1990 usam estimativas com base em IBGE/IPEA).
- Inflação: Bacen, IPEA.
- Saúde/Educação: DATASUS, Ministério da Saúde, INEP.
- Saneamento: SNIS, Trata Brasil.
Análise por Governo
1. Regime Militar (1964-1985)
IDH: Estagnado (0,58 em 1964 para 0,68 em 1985).
Inflação: Hiperinflação (média de 40% ao ano nos anos 80).
Saúde: Mortalidade infantil alta (90/1000 nascidos), mas expansão do INPS (para militares e elite).
Educação: Alfabetização cresce de 60% para 78%, mas com foco técnico, não crítico.
Saneamento: 35% da população sem água tratada.
Crítica: “Milagre econômico” beneficiou empresas, não o povo.
2. José Sarney (1985-1990) – Nova República
IDH: 0,68 (1985) para 0,69 (1990).
Inflação: Plano Cruzado fracassa; inflação chega a 1.800% em 1990.
Saúde: SUS é criado (1988), mas sem verbas.
Educação: Greves docentes e evasão escolar dispara.
Saneamento: 40% sem acesso a esgoto.
Crítica: Herdou a crise, mas aprofundou a desordem fiscal.
3. Collor (1990-1992) – Confisco e Neoliberalismo
IDH: Queda para 0,67 (1992).
Inflação: 1.500% em 1992.
Saúde: SUS engatinha; mortalidade infantil ainda 50/1000.
Educação: Corte de verbas; universidades em colapso.
Saneamento: 45% sem água potável no Nordeste.
Crítica: Abertura econômica sem planejamento social = desastre.
4. Itamar Franco (1992-1994) – Plano Real
IDH: 0,69 (1994).
Inflação: Plano Real derruba inflação para 10% em 1995.
Saúde: SUS começa a receber recursos.
Educação: Fundef criado (1996), mas só após seu governo.
Saneamento: 50% do esgoto ainda a céu aberto.
Crítica: Estabilizou a economia, mas deixou a conta social para FHC.
5. FHC (1995-2002) – Reformas e Privatizações
IDH: 0,69 para 0,72.
Inflação: Controlada (média de 7% ao ano).
Saúde: Mortalidade infantil cai para 30/1000.
Educação: 94% das crianças na escola, mas qualidade questionada.
Saneamento: 20% de aumento em redes de água.
Crítica: Priorizou o mercado; programas sociais foram tímidos.
6. Lula (2003-2010) – Inclusão e Ascensão
IDH: Salto de 0,72 para 0,80.
Inflação: Média de 5% ao ano.
Saúde: Farmácia Popular e Mais Médicos reduzem mortalidade infantil para 15/1000.
Educação: Prouni e Fies ampliam acesso ao ensino superior.
Saneamento: 70% com água tratada (antes 60%).
7. Dilma (2011-2016) – Crise e Impeachment
IDH: Estagnou em 0,80.
Inflação: Volta a 10% em 2015; recessão de 7% do PIB.
Saúde: Cortes no SUS; crise da Zika (2015).
Educação: Fies quebra; evasão escolar aumenta.
Saneamento: Paralisia em obras do PAC.
Crítica: Gerência econômica fracassada; legado social desmontado.
8. Temer (2016-2018) – Austeridade e Retrocessos
IDH: 0,80 para 0,79 (primeira queda desde 1990).
Inflação: 3% em 2017, mas desemprego a 13%.
Saúde: Teto de gastos congelou investimentos.
Educação: Reforma do Ensino Médio sem diálogo.
Saneamento: Privatizações aceleradas, mas sem universalização.
Crítica: “Reformas” que beneficiaram elites financeiras.
9. Bolsonaro (2019-2022) – Negacionismo e Colapso
IDH: Cai para 0,75 (pós-pandemia).
Inflação: 10% em 2022; combustíveis e alimentos disparam.
Saúde: 700 mil mortes por COVID; SUS desmontado.
Educação: Cortes de 90% em universidades.
Saneamento: 40 milhões sem água potável.
Crítica: Gestão desumana; retrocesso histórico.
10. Lula III (2023-Atual) – Reconstrução ou Repetição?
IDH: Dados preliminares apontam 0,76 (2023).
Inflação: 5% ao ano, mas juros altos.
Saúde: Reativação do Mais Médicos; vacinação em alta.
Educação: Novo FUNDEB e retomada de verbas.
Saneamento: Meta de universalização até 2033.
Conclusão
O IDH brasileiro avançou mais sob governos com políticas redistributivas (Lula), mas desabou com austeridade (Temer) e negacionismo (Bolsonaro). A lição é clara: desenvolvimento humano exige priorizar pessoas, não mercados.
Referências
- PNUD – Relatórios de IDH Global (1990-2024).
- IBGE – Censos Demográficos e PNADs.
- DATASUS – Mortalidade Infantil e acesso à saúde.
- IPEA – Séries históricas de inflação e PIB.
- SNIS – Dados de saneamento (2000-2023).
Imagens: Acervos públicos (Arquivo Nacional, Agência Brasil), Creative Commons (Mídia Ninja), e bancos de dados oficiais (IBGE, Bacen).
Créditos: Análise independente com base em dados oficiais