Não há hora boa para virar réu. Alguns acusados de crimes, porém, dão mais azar do que outros. O ex-presidente Bolsonaro passará a esta condição no exato momento em que a direita brasileira não precisa mais da sua candidatura.
Repare em um dado da última pesquisa Genial/Quaest: 93% dos entrevistados do mercado financeiro acreditam que Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, tem mais potencial de triunfo contra Lula.
Toda a aposta da turma da grana, incluindo o vuco-vuco especulativo da Faria Lima, passou a ser no presidenciável do Republicanos. Capitão como o colega de Exército Jair, o governador bandeirante mostrou tremenda agilidade (na definição dos banqueiros) ao entregar a Sabesp — patrimônio público do povo paulista — a fundos de investimento.
Foi amor à primeira martelada.
O bem-amado pelos donos do poder precisa da transferência dos votos do bolsonarismo, óbvio, mas sem o ex-presidente na jogada.
O novo teorema da elite do atraso, como se vê, é péssimo para a defesa do golpista que ocupou o Palácio do Planalto. Fosse ele ainda a única opção eleitoral da elite do atraso, poderia haver algumas pressões empresariais e midiáticas sobre o STF.
Desde que se tornou inelegível, Bolsonaro viu o seu nome ser substituído, em marcha acelerada, pelo seu pupilo que comanda a administração paulista.
O drama do ex-presidente é inversamente proporcional ao que acontece com Luiz Inácio Lula da Silva — a esquerda depende 100% do petista para ter chances nas eleições de 2026.
O plano “T” de Tarcísio é festejado entre os super ricos pela sua rapidez em realizar o máximo de privatizações possíveis. Parece folclore ou anedota, mas o projeto do governo estadual, ao que tudo indica, não poupará nem o Poupatempo, um bem-sucedido serviço de emissão de documentos.
Tarcísio não poupa ninguém. Nessa escalada, pasme, a criatura acabou engolindo o próprio criador.
Fonte: ICL Notícias