Após recordes, Ibovespa recua com influência externa

Após dois dias consecutivos de recordes históricos, o Ibovespa encerrou a sessão desta quarta-feira (21) com queda de 1,59%, aos 137.881,27 pontos — ainda acima da máxima histórica registrada no início do mês. O recuo marca um movimento de realização de lucros, comum após fortes altas, mas também reflete tensões no cenário internacional.

O dólar comercial caiu 0,46%, a R$ 5,643, devolvendo parte da alta da véspera. Já os juros futuros (DIs) encerraram o dia em alta ao longo de toda a curva, sinalizando que o mercado continua precificando riscos inflacionários e fiscais no horizonte doméstico.

Contudo, o pano de fundo da queda nos mercados brasileiros tem forte influência externa. Em Wall Street, os principais índices recuaram diante de preocupações com o aumento da dívida pública dos Estados Unidos. O governo Trump negocia cortes de impostos com o Congresso, mas sem sinalizar cortes de gastos — combinação que pode ampliar significativamente o déficit federal, já na casa dos US$ 36 trilhões.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano (Treasuries), que já vinham subindo, aceleraram essa tendência.

Apesar da deterioração fiscal nos EUA, o banco Morgan Stanley adotou uma postura mais otimista, elevando sua exposição a ações e Treasuries norte-americanos. A justificativa está na redução das incertezas tarifárias, na ausência de sinais claros de recessão e na possibilidade de novos cortes nos juros. O dólar foi a única exceção na estratégia do banco, mantido fora das recomendações positivas.

No campo geopolítico, os Estados Unidos também perdem tração nas negociações comerciais multilaterais. Enquanto isso, países como China e os integrantes do sudeste asiático avançam em acordos regionais, isolando progressivamente os EUA nas cadeias globais de comércio.

Mercado externo

Em meio a esse cenário de incertezas, as bolsas de Wall Street recuaram fortemente hoje.

O Dow Jones caiu 1,91%, aos 41.860,01 pontos; o S&P 500, -1,61%, aos 5.844,55 pontos; e o Nasdaq, -1,41%, aos 18.872,64 pontos.