Enquanto começamos os preparativos para mais um Ano Novo aqui na Terra, um planeta-anão, vai precisar esperar um pouco mais pelas festividades de réveillon. Afinal, diferente dos 365 dias que o nosso planeta leva para completar sua órbita em torno do Sol, Plutão, comemora a sua passagem de ano a cada 248 anos terrestres.
No dia 23 de março de 2178, uma segunda-feira, talvez com menos fogos e taças sendo levantadas para um brinde, Plutão, o ex-nono planeta do sistema solar, terá seu primeiro “réveillon” após sua descoberta, em 1930.
Considerado hoje o membro mais famoso do grupo dos cinco planetas-anões do Sistema Solar (que incluem Éris, Ceres, Makemake e Haumea), Plutão já foi considerado um planeta regular até o ano de 2006, quando a União Astronômica Internacional (IAU) o reclassificou para o seu status atual.
A descoberta de Plutão
As primeiras pistas sobre a existência de Plutão ocorreram no século 19, quando astrônomos da época perceberam que Urano se movia de uma forma diferente da prevista pela teoria newtoniana da gravidade. Mesmo depois que o astrônomo e matemático Urbain Le Verrier previu a exata localização de um novo planeta (era Netuno) em 1846, os movimentos inexplicáveis continuaram.
Em 1905, o astrônomo americano Percival Lowell sugeriu que havia outro planeta desconhecido e fez previsões quanto à sua órbita. Seguindo essas dicas, outro astrônomo americano, Clyde Tombaugh, analisou áreas do céu com o telescópio do Observatório Lowell, em Flagstaff, no Arizona, e descobriu Plutão no dia 18 de fevereiro de 1930.
A descoberta envolveu um dispositivo óptico revolucionário, o “comparador de piscar” que alternava duas placas fotográficas da mesma região do céu tiradas em dias diferentes. Com muita paciência e atenção, Tombaugh percebeu que, ao contrário das estrelas, que permaneciam fixas, um objeto se moveu entre 23 e 29 de janeiro: era Plutão.
Por que Plutão deixou de ser planeta?
Batizado com o nome do deus do submundo na mitologia greco-romana, a pedido de uma garotinha de 11 anos chamada Venetia Burney Phair, Plutão foi logo confirmado como o nono planeta do Sistema Solar. A classificação, que durou 76 anos, esteve presente em todos os livros escolares até 2006.
Naquele ano, durante a 26ª Assembleia Geral da IAU em Praga, na República Tcheca, foram estabelecidos três critérios para definir o que é um planeta: orbitar o Sol, ter massa suficiente para assumir formato esférico e ter “limpado a vizinhança” de sua órbita, ou seja, absorver ou desviar outros objetos menores em sua trajetória solar, e foi neste quesito, Plutão não passou.
Especificamente, ele não foi um objeto gravitacionalmente dominante o suficiente para limpar a sua órbita na região do Cinturão de Kuiper. E o motivo é óbvio: como essa região além da órbita de Netuno é povoada por muitos objetos similares a Plutão, ele é apenas um entre milhares de objetos transnetunianos, embora atenda os dois primeiros critérios da IAU.
O dia a dia de Plutão na órbita do Sol
Enquanto orbita longamente o Sol, Plutão tem dias um pouco maiores que os da Terra, com duração de 153 horas terrestres, ou 6,4 dias, pois o planeta-anão gira lentamente em seu eixo. Isso ocorre porque o planeta e Caronte, a maior de suas cinco luas, estão sempre em uma rotação síncrona, ou seja, sempre mostram a mesma face um para o outro, em uma interação gravitacional única.
Os dias plutonianos não são totalmente escuros, mas são naturalmente muito mais sombrios do que os da Terra, pois o Sol aparece no planeta-anão apenas como um pequeno ponto luminoso, com cerca de 1/30 do tamanho que o vemos aqui.
Mas, à medida que Plutão avança em sua órbita e se aproxima do Sol, a energia solar faz com que parte de sua superfície gelada sublime, liberando gases que formam uma atmosfera fina e temporária.