Amazônia: o maior ativo ambiental do Brasil também é sua maior vulnerabilidade

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As últimas semanas evidenciaram as dificuldades e a incapacidade do Estado brasileiro em proteger o principal ativo ambiental do país, a Floresta Amazônica. Por falta de verba ou de vontade política, por preconceito, por ignorância ou desapreço puro e simples, o Brasil tem na Amazônia hoje um “calcanhar de Aquiles” no tabuleiro internacional. E a situação não tem perspectiva de melhora: o Plano Amazônia 2021/2022, publicado pelo vice-presidente Hamilton Mourão no começo do mês, foi criticado por algumas das principais organizações ambientais do país em carta divulgada nesta terça-feira e noticiada por André Borges no Estadão.
O professor Aiala Colares (UEPA) apontou à Exame como a intensificação do desmatamento está intimamente associada ao crime organizado na Amazônia, o que coloca a floresta hoje como um dos lugares mais perigosos do mundo. “Os grupos criminosos que atuam na região e a transformam numa zona de conflito também desmatam a floresta através do garimpo e da extração ilegal de madeira”, explicou.

A ausência do Estado na Amazônia é apenas mais um reflexo do descolamento do governo Bolsonaro com a realidade dos brasileiros em relação ao meio ambiente. Míriam Leitão tratou desse distanciamento n’O Globo, contrastando a movimentação intensa de empresas, governos subnacionais e organizações da sociedade civil para proteger a floresta com a apatia e a omissão de Bolsonaro e Salles com esses temas: “A sociedade, as empresas, os bancos, os governos estaduais estão se conectando com o mundo e a agenda da preservação ambiental. Bolsonaro e seu ministro fazem seu trabalho de demolição das florestas tropicais e de legalização do crime, descolados do mundo e do próprio Brasil”.

No Valor, o embaixador e ex-ministro Rubens Ricupero disse que o Brasil pode esperar por sanções comerciais em um futuro não tão distante caso o desmatamento siga crescendo e consumindo a floresta. “Os próprios instrumentos de sanção estão sendo desenvolvidos, como uma taxa de fronteira, um imposto que torne impossível aos países que não seguirem as regras de controle climático competirem com aqueles que obedecem”. No Estadão, Rubens Barbosa, outro proeminente embaixador, abordou dados recentes dos Institutos Escolhas e Igarapé sobre a expansão do garimpo na Amazônia e ressaltou que o Brasil pode enfrentar mais problemas políticos e econômicos por motivação ambiental caso não consiga conter essas atividades ilegais.

ClimaInfo, 28 de abril de 2021.

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